Sejamos mais Black Block’s por Rui MT (08/2014)

 Observação, estou concentrando meu passado nesse blog, mas esse texto de 2014 se torna atual com as manifestações que ocorreram em 20 de novembro.

A imagem acima é pra 'homenagear' essa tristeza do NOVO, que como o Bozo e o PT foram fracasso nas urnas em 2020. E a abaixo, pra quem não entender, é uma paródia de como o presidente se isenta da responsabilidade do cargo...


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Sejamos mais Black Block’s
                Acho interessante como o Black-block se tornou um elemento de discussão e contraponto entre ideologias.
                Conheço ambientalistas em Visconde de Mauá que lutam pra mudar o como o status quo está destruindo a natureza em nome do impossível desenvolvimento sustentável. Esses ambientalistas estão pra Mauá como os manifestantes estão em cidades grandes, ou seja, nos manifestamos contra os governos que desgovernam a sociedade.
                Já ouvi da boca de um ambientalista amigo, apesar de considerar grande parte de seu pensamento reacionário (ou seja defendendo o status quo da cultura, do academicismo, etc) grandes críticas aos black-blocks. E respondendo ao Drummond eu diria que não tenho medo do Joaquim, por isso exponho meus pensamentos.
                Mas esse texto é somente uma confirmação, uma confirmação de que sempre vi um lado bom da atitude black-block, e ao viver algo na minha individualidade (ou seja, nada a ver com luta social ou ambiental), quero compartilhar e desejar que sejamos mais black-block em nossas vidas.
                A crítica principal é da inutilidade da destruição, da destruição de bens públicos e bens privados. Nesse aspecto até que apoio a versão de que é diferente qual propriedade se destrói. Pois ao destruir algo da cidade, são os impostos coletivos (o que sobra deles depois de filtrados pela máquina da corrupção), assim destruir algo que você próprio vai pagar depois parece inútil, mas no mínimo é meu direito fazer isso, pois se é público, é meu também, inclusive pra destruir (o que é um acelerar do uso, pois a longo prazo tudo tem seu prazo de validade, e se não for destruído, um dia irá ser substituído).
                Quando se entra na questão de destruir uma agência bancária, ou ícones do capitalismo, a grande maioria dos manifestantes apoia pois parece ser um certo ‘desconto’ das corrupções e desvios roubados do capital de uma sociedade, ou por leis injustas ou por outros mecanismos variados. Concordo em parte, pois pros grandes capitalistas essas destruições não fazem nem cócegas, sem falar de que alguns já devem ter descoberto contra-mecanismos pra que ainda lucrem mais ainda com esses quebra-quebra.
                Assim, qual o lado bom dos black-blocks afinal? O lado bom é que não está se fazendo o que os poderosos querem, que é manter o domínio e a submissão sob controle. Os capitalistas se usam de filosofias religiosas pra controlar os explorados, e usam a técnica de divulgar a versão bíblica de um Jesus Cristo que oferece a outra face, ao receber um tapa (nessa ficção da bíblia até Cristo vira black-block aos expulsar os comerciantes dos Templos). Ou seja, vivemos numa sociedade em que mudanças sociais se tornaram impossíveis, pois o plano político foi feito pra aparentar um mecanismo democrático (decisão da maioria), mas seu funcionamento é feito por uma minoria que decide (ou seja, democracia-representativa não pode ser democrática, pela sua essência). E diferente dos que defendem os votos, e justamente pelo voto ser secreto, quem foi eleito não pode representar seus eleitores, pois nem sabe quem eles são, ou seja, fica uma minoria que se representa, e representa os interesses econômicos de quem paga mais – ruralistas, evangélicos, etc...
                Assim, se quebrar uma lanchonete americana não muda efetivamente nada no aspecto econômico e político, representa algo no plano emocional dos envolvidos. Pois os poderosos continuam na hegemonia da grana e poder, mas agora sabem que tem divergências que podem destruir seu império, e isso alimenta seu medo. Assim num plano, o black-block desestrutura a segurança/garantia da continuidade, pois é uma reação, e uma reação física, concreta, palpável.
                Na hora da dita ‘violência’ nos tornamos puros, menos racionais e mais emocionais; ou seja em outras palavras, nos tornamos SINCEROS com nós mesmos, nossos incômodos vêm pra fora e mudam a situação (mesmo que momentaneamente, pois no dia seguinte a lanchonete ou banco já foi consertado). Se não vivo essa ‘violência’ tenho de resolver meu incômodo de outro jeito, me acomodando e vivendo o incômodo, sempre racionalizado e justificado. Mudando um sentimento que deveria ser pra mudar as coisas de fora pra buscar uma comodidade, o racional tem a capacidade de auto engano ao transformar o sentimento de incômodo em um cômodo resmunguento, ou seja, eu prefiro assumir que vivo uma posição incômoda, ao não mudar as coisas de fora que geraram o sentimento, mas essa é a auto-ilusão, pois como me conformo em viver o incômodo, me acomodei a esse incômodo só que a energia que ele produz pra gerar a mudança, é voltada pra se retroalimentar, num cômodo ilusório, ou seja, é impossível mudar ou não quero mudar, se tornam a mesma coisa: palavras.
                Assim, o black-block ao chutar o balde dessas racionalizações que nos fazem aceitar injustiças, corrupções, sacanagens, traições; nos põem no eixo da sinceridade entra nosso pensar e nosso sentir. Se estou incomodado mudo, se me acomodei não mudo; isso é a sinceridade corporal indo pras palavras.
                Na hora da ‘violência’ a energia muscular se equilibra, rompendo com as tensões ou couraças (tensões crônicas) e a energia vibra e circula, nos deixando como após um orgasmo, ou como é o estado natural das crianças: na sinceridade.
                Recentemente botei minha sinceridade black-block pra fora, após me centrar e racionalizar todas as opções, preferi botar pra fora quebrando vidro, um pequeno desconto de sacanagens que sofri por meses e percebi somente a uma semana. Meu joelho inchado melhorou, tirei o peso de descontar em outros o que o dono dos bens recebeu em seu bolso. Sei que como todo black-block a luta é injusta e desigual, ou seja, não abalo nem de perto a sacanagem que recebi, mas a limpeza energética do momento tem sua validade e investimento.
                E quanto mais acumulada a sacanagem, mais a justificativa do quebra-quebra. No Brasil e suas manifestações, algo só vai mudar na política verdadeiramente quando TODOS os manifestantes virarem sinceros em suas atitudes, precisamos acabar com as cidades como elas estão, não adianta quebrar algumas agências bancárias, deveríamos destruir todas as agências. Eu fui sacaneado por 6 meses e quebrei uns vidros, mas se fosse por um ano, talvez eu queimasse uma casa. Acho que falta mais radicalidade no viver das pessoas, eu vivo uma experiência pessoal de não ser como essas outras pessoas que se acomodam em seus incômodos.
                Assim, SEJAMOS MAIS BLACK-BLOCK no nosso cotidiano, quero a sinceridade custe o que custar. E a resposta sincera pras corrupções sociais e políticas é a indignação e atitude. O sistema que dizer que a resposta está no voto, pra que mantenhamos essa palhaçada toda.
                Uma última coisa, usei a palavra violência entre aspas acima, pois não existe violência ao se destruir um poste, vidro, carro, prédio ou monumento. Violência só existe ao se atacar PESSOAS, se atacar a vida. Atacar e destruir objetos é o viver humano, hora construindo ou hora destruindo. Violência contra pessoas não se justifica, a não ser em defesa própria, e olhe como só isso pode gerar interpretações errôneas. Agora contra o filho-da-puta que tem um banco, destruir sua agência é só um recado pra ele: pare de roubar, de ser sacana, o que você constrói no roubo ou traição não vale a pena, pode ser destruído justamente.
                Isso vale pras relações pessoais e afetivas, uma hora continuo e aprofundo esse assunto.
Rui Takeguma, 16 de agosto de 2014

Este texto nasce de fazer uma leitura da importância das manifestações como expressão de incômodo social que vivemos em junho de 2013. As manifestações estão para a política tradicional partidária como um movimento black block. E dentro das manifestações, os black block foram caçados e malditos, seja pela mídia tradicional como pela polícia e Estado.
Minha produção é black block, seja editorialmente como atuo em Visconde de Mauá, seja como terapeuta corporal há mais de 20 anos, e agora esse ano com uma técnica individual. A somaterapia sempre foi a mais black block das terapias e agora a minha prática entre a SOMAIÊ e SOMA-i nasceram justamente pra ajudar as pessoas a botarem pra fora sua sinceridade no cotidiano, ou seja em amores livres e produções criativas, sempre a acima de tudo com a ética da cumplicidade com as pessoas em volta.
O viver cotidiano de forma sincera é ser black block na vida. Isso requer estratégia, jogo de cintura e mandinga, pra isso adapto as técnicas terapêuticas ao meu viver, e assim como a tática pode ser de recuo num momento quente de conflito, isso se sucede nas manifestações de rua e nos âmbitos variados do viver: o amar, o conviver, o educar e o produzir.
 
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Observação final, já não atuo como terapeuta. Procuro ser autoterapeuta, me melhorar pro mundo....
E publiquei nesses dias 2 postagens sobre o tema:

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