Elke Maravilha

 


Como nós todos, não temos definição. Somos tudo, somos santos e demônios, somos bonitos, somos feios, somos grandes, somos minhocas. Nesse ponto é muito bom ter nascido russa. Freud dizia, o russo e o irlandês são os únicos povos que não precisam de psicanálise porque não têm medo de mostrar sua sombra. Não têm medo de dizer “olha eu sou mau e eu sou bom”, não tem essa de ficar camuflando nada. Porque os outros povos têm medo, só querem mostrar o lado positivo. Eu lembro de quando era pequena, meu pai falou, “filha, o que você estudou hoje?”. “Estudei uma coisa maravilhosa, que o povo brasileiro não é um povo violento”. Ele perguntou,” onde é que você ouviu essa bobagem?”. “A professora que falou”. “A professora fala qualquer merda, você acredita?” Eu falei, “tá escrito aqui, olha pai”. Ele disse, “minha filha, o papel é muito paciente, você escreve qualquer merda nele, ele aceita. Pergunta amanhã se o que fizeram com os negros não foi violência, pergunta amanhã sobre o que fizeram com os índios, quando o português chegou tinha 22 milhões, agora tem uns 400 mil (agora então tem uns 100 mil), cadê? Pergunta se morrer na fila do INPS (na época era INPS) não é violência? Pergunta se deixar uma pessoa analfabeta não é violência? Pergunta!” E eu comecei a perguntar. Aí virei uma pentelha...
(Elke Georgievna Grunnupp)

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